PENA DE MORTE??

Califórnia executa homem de 76 anos cego, surdo e confinado a uma cadeira de rodas.

"O condenado à morte mais idoso da história do estado norte-americano da Califórnia foi executado esta noite, na cadeia de San Quentin. Para além de cego, surdo e diabético, Clarence Ray Allen, que ontem fez 76 anos de idade, sofria de problemas cardíacos e estava confinado a uma cadeira de rodas...

Allen foi colocado no corredor da morte há 23 anos, três anos depois de ter sido condenado pela autoria moral do homicídio de três testemunhas. Na altura do julgamento já cumpria uma pena de prisão perpétua por homicídio, na prisão californiana de Folsom.

Horas antes de ter sido executado, o Supremo Tribunal dos EUA indeferira um pedido de clemência interposto pelos seus advogados, que invocaram a crueldade do castigo, atendendo à sua idade e à sua débil saúde...

De acordo com o ex-actor de Hollywood, a prisão perpétua "não é um castigo adequado para alguém que manda assassinar testemunhas quando está a cumprir uma pena de prisão para o resto da vida". E sublinhou que os crimes de Allen não foram cometidos na juventude, mas quando já tinha 50 anos de idade.

A execução de Clarence Ray Allen é a 13ª desde que a pena capital foi restabelecida na Califórnia, em 1978, e a quarta não comutada desde que Schwarzenegger foi eleito governador, em 2003...

A execução de Allen já mereceu a condenação do Conselho da Europa, que descreveu o cumprimento da sentença como um acto "grotesco"."A pena de morte é sempre errada, mas amarrar um homem de 76 anos a uma cadeira de rodas e injectá-lo com veneno é grotesco", afirmou o presidente da organização, Terry Davis, em comunicado. "Lamento que o governador da Califórnia não tenha ouvido os apelos para poupar a vida de Ray Allen", acrescentou Davis. ..

O governador da Califórnia recebeu inúmeros apelos para poupar a vida de Williams, entre eles o de organizações como a Amnistia Internacional e de celebridades como Bianca Jagger, Snoop Dogg, Susan Sarandon e Jamie Foxx, mas acabou por afirmar que "não encontrava justificação para oferecer clemência".

Jornal "Público" 17/09/2006